11 maio, 2012

Entrevista: Emilio Dantas

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Após conversas, desconversas, e-mails e tweets, eis que surgiu ano passado essa entrevista com o ator carioca Emílio Dantas. Confiram! 



Sumo Cultural: O que surgiu primeiro, o Emilio cantor, ou ator?
Emilio Dantas: O cantor. O ator veio em seguida num intervalo de quase 10 anos. Minha primeira banda se chamava "mulher do padre" e nessa época eu tinha 15.  Não diria que não foi uma época boa pra começar, mas me lembro de cancelar alguns shows por estar de castigo devido ao meu boletim que adorava um vermelho. O ator apareceu numa época um pouco mais madura. Um pouco. Eu tinha 23 e não ficava mais de castigo. Me tornei mais responsável, e mesmo assim ainda era bem "moleque" . Ou seja, com uma combinação dessas eu só poderia tentar algo na arte.

Sumo Cultural: E quando foi (que idade) que iniciou na carreira artística?
Emilio Dantas: A carreira foi aos 15 mesmo, pois apesar de sermos uma banda de garagem ( aqui lê-se varanda) já lidavamos com contratos no extinto Black Night ( o antro do Rock Tijucano) e traçavamos planos para dar certo. Agora, a manifestação artistica e o interesse por ela vem lá dos quatro anos, quando comecei a desenhar e sonhar em trabalhar com o Mauricio de Souza.

Sumo Cultural: Há quanto tempo trabalha com o Oswaldo Montenegro?
Emilio Dantas: Trabalhei com o Oswaldo em dois periodos. Em 2006 fiz o teste para "A Aldeia dos Ventos", como músico, mágico, instrumentista e cara-de-pau. Ele me aprovou como ator...rsrs...daí começou minha carreira no ramo. Ainda em 2006 encerramos a temporada e eu passei um ano longe da parceria, assumindo os vocais da banda Som da Rua e gravando meu EP solo, o "Aqui onde não estou". No final de 2007, voltamos a nos encontrar para abrir uma oficina. Oswaldo, com todo sua metodologia Oswaldiana me convidou para ser o " mau exemplo" da turma. A oficina gerou uma peça chamada "eu não moro, comemoro", e a partir daí, eu e mais quatro alunos propuzemos ao Montenegro a idéia de uma Cia. Oswaldo topou, assumiu a direção, fizemos mais de mil testes e ao fim fechamos a CIA Mulungo, que estreou com a peça "Filhos do Brasil". Em 2009, por ter outros trabalhos pintando, eu saí da Cia.

Sumo Cultural: Qual foi o processo que levou você até o papel de Léo (no filme Léo e Bia)?
Emilio Dantas: Pra falar a verdade, não existiu um processo. Quando a idéia do filme pipocou na cabeça do Oswaldo, eu estava por perto, na oficina. O convite foi imediato, porém, a principio, eu seria o Brook. As leituras foram acontecendo e as coisas foram se encaixando. Por fim, eu, Oswaldo e Ivan Mendes vimos que algumas peças movidas seria perfeito para o filme e acabamos trocando os papéis. Graças a Deus, por que depois de ver o Brook que o Ivan  poderia fazer comecei a me preocupar de verdade...rs

Sumo Cultural: E afinal, quem é Peter Brook? Rs
Emilio Dantas: "bicho, é um dos maiores teólogos que eu conheço!" - Léo.

Sumo Cultural: Por conta do filme Léo e Bia você se inseriu no circuito independente do cinema brasileiro. Viajando não só pelas capitais, mas também por cidades interioranas divulgando o filme. Como você enxerga esse circuito, e quais são as problemáticas que você detecta do que não chega ao mainstream do cinema nacional?
Emilio Dantas: Vejo o circuito independente como uma mídia alternativa que vem crescendo cada vez mais. Foi maravilhoso levar o filme para os mais diferentes estados e ter contato com as diversas opiniões e interpretações do público.  Quanto a "problemática", vamos lá, é assunto estranho, por que ele parece delicado, controverso e até mesmo esquerdista, mas na minha opinião não é nada disso. Acho que a coisa se resume à evolução da midia e consequentemente à pressa. Hoje em dia, você monta a sua programação televisiva via internet, escolhe o que quer assistir pelo youtube, baixa seu filme, escolhe sua programação musical e isso faz com que cada um tenha o produto perfeito em suas mãos. Você não só tem a disponibilidade do seu mais verdadeiro perfil de entretenimento, como pode dirigi-lo! Sendo assim,  abrem-se portas para cada vez mais volume de informação e cabe ao público o sucesso pois se seu vídeo demora pra carregar, tchau. Se sua música não causa comoção instantânea, um abraço. Se seu filme não for de fácil digestão, esqueça. Existem muitos outros  que lhe darão isso e a fila não pode esperar.  Percebem que isso vira uma questão cultural? O mercado é uma industria. Ele precisa atender à essa pressa, e isso gera o nosso mainstream atual. Filmes bem produzidos, de fácil absorção e objetivos. Como consequencia, ganhamos  o circuito alternativo, que atende aos orfãos dos filmes não comerciais e, na minha opinião, ele é pequeno, é secundário e restritivo, não por injustiça, desatenção ou politica, mas pura e simplesmente por essa questão cultural imposta pelo próprio desenvolvimento do ser humano e da tecnologia.
Não existe problemática, existe sim uma baita revolução e o circuito independente é resultado disso.

Sumo Cultural: Você participou da minissérie Sansão e Dalila, da Record. Foi o seu primeiro trabalho na televisão? E como foi ganhar uma maior visibilidade das pessoas?
Emilio Dantas: Sansão e Dalila foi sim meu primeiro trabalho na TV. E acho que foi uma grande sorte por alguns motivos. Primeiro porque foi um trabalho com uma excelente qualidade de produção e infraestrutura; segundo que o enredo, por mais que fosse biblico e registrado, nos dava bastante liberdade para criar. Me lembro de um ensaio em que, improvizando, lancei um "humhum" no lugar de um "sim". Daí fiquei pensando se naquela época existiria "humhuns"...no fim das contas aquilo serviu para abrir as portas para muitas outras coisas na construção do Aron/Norá. Três mil anos atrás...quem pode saber sobre o que existia sem dúvida? Criei, criei, criei. Outro ponto foi a equipe. Conheci muita gente bacana e profissional e a combinação disso tudo resultou num trabalho leve, prazeroso e de muito aprendizado.
A visibilidade, profissionalmente, foi muito boa. Depois da minissérie comecei a receber reconhecimento e alguns projetos começaram a pintar. Na vida pessoal, quase nada mudou. A familia continua babando e eu sigo andando tranquilamente pelas ruas do Grajaú!

Sumo Cultural: O que você está fazendo agora? Atuando? Cantando? Etc?
Emilio Dantas: No momento estou na Record aguardando uma boa novidade que vem por aí; divulgando o filme "teus olhos meus" e comemorando muito nossos prêmios do festival de Los Angeles que foram cinco, melhor ator, melhor atriz, melhor roteiro, melhor trilha e melhor filme; escrevendo uma peça; fazendo publicidade e cantando sempre que dá.

Sumo Cultural: E pra terminar, escreva uma frase de Clarice Lispector que você mais gosta. 
Emilio Dantas: " não pise na grama "





Emilio Dantas atuou no filme Léo e Bia, dirigido por Oswaldo Montenegro, no papel de Léo. E como Aron/Norá na minissérie Sansão e Dalila da TV Record, que contava com Mel Lisboa no elenco. Como cantor já cantou em algumas bandas, participou de espetáculos musicais, entre outros trabalhos envolvendo não só a música como o teatro também. 
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Produtora cultural, blogueira, nômade urbana e autodidata.

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